Paulo Reglus Neves Freire, filho de Joaquim Temístocles Freire e Edeltrudes Neves Freire, nasceu em 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco. Quando estava com 10 anos de idade, e a família com dificuldades econômicas, mudou para a cidade de Jaboatão. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família.
Em Jaboatão concluiu a escola primária. Em seguida, fez o primeiro ano ginasial no Colégio 14 de Julho. Após este primeiro ano de estudos secundários sob a tutela do professor de matemática Luiz Soares e da insistência de sua mãe junto aos diretores do Colégio Oswaldo Cruz, ingressou neste, também em Recife. Neste educandário, completou os sete anos dos estudos secundários – cursos fundamental e pré-jurídico – ingressando, aos 22 anos de idade, na Faculdade de Direito do Recife. Fez esta “opção” por ser a que se oferecia dentro da área de ciências humanas. Na época, não havia em Pernambuco curso superior de formação de educador.
Em seu primeiro caso como advogado, no qual deveria retirar a cadeira odontológica de um recém dentista, retirando assim a possibilidade de sustento deste, desistiu do caso e, conseqüentemente, da profissão. Preferiu trabalhar como professor.
Antes ainda da conclusão de seus estudos universitários, casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos: Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes. Ainda nesse tempo, tornou-se professor de língua portuguesa do Colégio Oswaldo Cruz, educandário que o tinha acolhido na adolescência.
Após a experiência de docência no mesmo estabelecimento de ensino em que havia estudado, foi ser diretor do setor de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria (SESI), órgão recém-criado pela Confederação Nacional da Indústria através de um acordo com o governo Vargas. Aí teve contato com a educação de adultos/trabalhadores e sentiu o quanto eles e a nação precisavam enfrentar a questão da educação e mais particularmente, da alfabetização. Freire ocupou o cargo de Diretor desse setor do SESI de 1947 a 1954 e foi Superintendente do mesmo de 1954 a 1957.
Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.
A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país.
Tendo partido de São Paulo, sob a guarda e proteção do próprio Embaixador da Bolívia, para esse país vizinho, que o acolheu generosamente, sentiu em La Paz sua saúde abalada devido à localização alta desta cidade que fica no cume das montanhas dos Andes. Mas foi o Golpe de Estado na Bolívia, ocorrido pouco tempo depois de sua chegada, que o levou ao Chile.
Em Santiago, ao lado de sua família, iniciou, como tantos outros brasileiros que no Chile tiveram asilo político, uma nova etapa de sua vida e de sua obra. Neste país viveu de novembro de 1964 a abril de 1969, trabalhando como assessor do Instituto de Desarollo Agropecuário e do Ministério da Educação do Chile e como consultor da UNESCO junto ao Instituto de Capacitación e Investigación en Reforma Agrária do Chile. Nessa ocasião foi convidado também para lecionar nos Estados Unidos e trabalhar no Conselho Mundial das Igrejas. Atendeu aos dois convites.
Foi no exílio no Chile que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.
Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para “reaprender” seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil, durante a gestão da Prefeita Luiza Erundina. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.
Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior e lhe foi outorgado o título de Doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.
Paulo Freire é autor de muitas obras, entre elas: “Educação como prática da liberdade” (1967), “Pedagogia do oprimido” (1968), “Cartas à Guiné-Bissau” (1975), “Pedagogia da esperança” (1992) e “À sombra desta mangueira” (1995). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”.
Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna. Conviveu e partilhou estudos e escritos com ela até os últimos dias de sua vida, em 2 de maio de 1997, em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.
Informações extraídas dos sites:
http://www.paulofreire.org/
http://www.suapesquisa.com/paulofreire/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire
http://www.centrorefeducacional.com.br/paulo.html
Acesso em: 1º/03/2007