Entre o Quadro e a Cova: as re-existências dos corpos das juventudes afras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.29181/2594-6463-2024-v8-n2-p142-155

Palavras-chave:

Juventudes Negras, Cultura Corporal de Movimento, Cova da Moura, Núcleo Afro Odomodê

Resumo

Entre o Quadro e a Cova: as re-existências dos corpos das juventudes afras

Resumo
O presente artigo direciona o foco de atenção para a análise de duas entidades que objetivam a valorização das culturas afras e empoderamento juvenil, o Núcleo Afro Odomodê (Odomodê) da Prefeitura Municipal de Vitória, situado no Morro do Quadro, Espírito Santo, Brasil e a Associação Cultural Moinho da Juventude (ACMJ), situada na Cova da Moura, Amadora, Lisboa, Portugal. Este trabalho objetivou uma comparação teórico-prática quanto à contribuição da cultura corporal de movimento para as re-existências das juventudes afras assistidas por estas entidades. Metodologicamente, este estudo interpretativo de observação participante, com auxílio do diário de campo, contou com visitas de campo. No exercício de comparar os dois contextos juvenis percebemos, a partir de análise de conteúdo, a necessidade de entidades como o Odomodê e a AMJ para o crescimento e desenvolvimento das juventudes que necessitam de instrução quanto a formação das identidades, direitos e nas lutas pelas equidades étnico-raciais.
Palavras-chave: Juventudes Negras. Cultura Corporal de Movimento. Cova da Moura. Núcleo Afro Odomodê.

Between the Quadro and the Cova: the re-existence of Afro youth bodies

Abstract
This article focuses on the analysis of two organizations that aim to value Afro cultures and empower young people: the Núcleo Afro Odomodê (Odomodê) of the Vitória City Council, located in Morro do Quadro, Espírito Santo, Brazil, and the Associação Cultural Moinho da Juventude (ACMJ), located in Cova da Moura, Amadora, Lisbon, Portugal. The aim of this study was to make a theoretical and practical comparison of the contribution of body movement culture to the re-existence of Afro youth assisted by these organizations. Methodologically, this interpretative study of participant observation, with the aid of a field diary, included field visits. In the exercise of comparing the two youth contexts, we realized, based on content analysis, the need for organizations such as Odomodê and AMJ for the growth and development of young people who need instruction in the formation of identities, rights and the struggle for ethnic-racial equality.
Keywords: Black Youth. Body Culture of Movement. Cova da Moura. Núcleo Afro Odomodê.

Entre el Quadro y la Cova: la reexistencia de los cuerpos juveniles afro

Resumen
Este artículo se centra en el análisis de dos organizaciones que pretenden valorizar las culturas afro y empoderar a los jóvenes: el Núcleo Afro Odomodê (Odomodê) del Ayuntamiento de Vitória, situado en Morro do Quadro, Espírito Santo, Brasil, y la Associação Cultural Moinho da Juventude (ACMJ), situada en Cova da Moura, Amadora, Lisboa, Portugal. El objetivo de este estudio fue realizar una comparación teórica y práctica de la contribución de la cultura del movimiento corporal a la reexistencia de la juventud afro asistida por estas organizaciones. Metodológicamente, este estudio interpretativo de observación participante, con la ayuda de un diario de campo, incluyó visitas sobre el terreno. En el ejercicio de comparación de los dos contextos juveniles, nos dimos cuenta, a partir del análisis de contenido, de la necesidad de organizaciones como Odomodê y AMJ para el crecimiento y desarrollo de jóvenes que necesitan instrucción en la formación de identidades, derechos y lucha por la igualdad étnico-racial.
Palabras clave: Juventud Negra. Cultura Corporal del Movimiento. Cova da Moura. Núcleo Afro Odomodê.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACHINTE, A. A. Pedagogías de la re-existencia: artistas indígenas y afrocolombianos. In: WALSH, C. Pedagogías decoloniais: practicas insurgentes de resistir, (re) existir y (re) vivir. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2013. Tomo I. p. 443-468

ACMJ. Associação Cultural Moinho da Juventude. In: ÁGUAS LIVRES FREGUESIA. Território. Disponível em: https://www.jf-aguaslivres.pt/territorio/entidades-sociais/2529-associacao-cultural-moinho-da-juventude. Acesso em: 11 mar. 2024.

ALMEIDA, S. L. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

ARRUDA, M. A. P.; FONSECA, T. M. G. Existência enquanto reexistência em tempos de medo. Mnemosine, v. 14, n. 2, p. 206-218, 2018

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BETTI, M. Educação Física e Sociologia: novas e velhas questões no contexto brasileiro. In: CARVALHO, Y. M.; RUBIO, K. Educação física e ciências humanas. São Paulo: Hucitec, 2001. p. 155-169.

BHABHA, H. “A questão outra”. In: SANCHES, M. R. (org.). Deslocalizar a Europa: antropologia, arte, literatura e história na pós-colonialidade. Lisboa: Cotovia, 2005. p. 143-166.

BOCK, A. M. B. A adolescência como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e educadores. Psicologia Escolar e Educacional, v. 11, n. 1, p. 63-76, jan./jun. 2007.

BRASIL. Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010: institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de novembro de 2003. Brasília: Casa Civil, 2010. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em: 06 jun. 2024.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Adolescentes e jovens para a educação entre pares: adolescências, juventudes e participação. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

BRASIL. Lei nº 12.852, de 05 de agosto de 2013: institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude - SINAJUVE. Brasília: Casa Civil, 2013. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm. Acesso em: 06 jun. 2024.

COLAÇO, V.; GERMANO, I.; MIRANDA, L.; BARROS, J. P. (org.). Juventudes em movimento: experiências, redes e afetos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2019.

DOMINGUES, P. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo [on-line], v. 12, n. 23, p. 100-122, 2007.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: UFBA, 2008.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

GOMES, N. L. Educação e relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In: MUNANGA, K. (org.). Superando o racismo na escola. 2. ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. p. 143-154.

GOMES, N. L. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

GONÇALVES, M. G. M. Concepções de adolescência veiculadas pela mídia televisiva: um estudo das produções dirigidas aos jovens. In: OZELLA, S. (org.). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2003. p. 41-62.

GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio Janeiro: Zahar, 2020.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Tradução: Tomás Tadeu da Silva e Guacira L. Louro. Florianópolis: DP&A Editora, 2006.

LE BRETON, D. Adeus ao corpo: antropologia e sociedade. Campinas: Papirus, 2003.

LE BRETON, D. A sociologia do corpo. 2. ed. Tradução de Sonia M.S. Fuhrmann. Petrópolis: Vozes, 2007.

LEOPOLDO, C. P. M.; CAMPOS, M. M. Enegrecer: uma análise sobre a construção da corporeidade nas juventudes negras. Cadernos de Psicologia, Juiz de Fora, v. 1, n. 2, p. 349-369, ago./dez. 2019.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2007.

MUNANGA, K.; GOMES, N. L. (org.). O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006.

NÚCLEO AFRO ODOMODÊ. Odomodê. Bem Brasil - Instituto de Desenvolvimento Social, Juventudes. Disponível em: https://www.bembrasil.org.br/juventudes/nucleo-afro-odomode/4. Acesso em: 06 jun. 2024.

OLIVEIRA, L. F.; CANDAU, V. M. F. Pedagogía decolonial y educación anti-racista e intercultural en Brasil. In: WALSH, C. Pedagogías decoloniais: practicas insurgentes de resistir, (re) existir y (re) vivir. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2013. Tomo I. p. 275-303.

PERONDI, M.; VIEIRA, P. M. A construção social do conceito de juventudes. In: PERONDI, M.; SCHERER, G. A.; VIEIRA, P. M.; GROSSI, P. K. (org.). Infâncias, adolescências e juventudes na perspectiva dos direitos humanos: Onde estamos? Para onde vamos? Porto Alegre: EDIPUCRS, 2018. p. 49-62.

ROSÁRIO, E.; SANTOS, T.; LIMA, S. Discursos do racismo em Portugal: essencialismo e inferiorização nas trocas coloquiais sobre categorias minoritárias. Lisboa: Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, 2011.

SAMPAIO, T. M. V. Gênero e religião – no espaço da produção do conhecimento: corporeidade sob o prisma do gênero, da etnia e clase. In: MUSSKOPF, A. S.; STRÖHER, M. J. Corporeidade, etnia e masculinidade: reflexões do I Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: Sinodal, 2015. p. 47- 70. Disponível em: http://dspace.est.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/BR-SlFE/807/Corporeidade_Etnia_e%20_Masculinidade.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 mar. 2024.

SANTOS, M. P. N. As novas dinâmicas da sustentabilidade urbana em territórios de pobreza e exclusão social: o caso da Cova da Moura. Revista INVI, Santiago, v. 29, n. 81, p. 115-155, 2014. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-83582014000200004&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 02 jun. 2024.

SILVA, J. G. Corporeidade negra enquanto discurso: corpo e cabelo como signos de identidade. Research Gate, p. 1-12, jun. 2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Joyce_Goncalves_Restier_Da_Costa_So%20uza/publication/322536975_Corporeidade_Negra_enquanto_discurso_Corpo_e_cab%20elo_como_signos_de_identidade/links/5%20a5e9bf6aca272d4a3dfc8a8/CorporeidadeNegra-enquanto-discurso-Corpo-e-cabelo-como-signos-de-i%20dentidade.pdf . Acesso em: 10 mar. 2024.

VALENZUELA, J. M. El futuro ya fue: socioantropología de l@s jóvenes en la modernidad. México: El Colegio de la Frontera Norte, 2014.

VITÓRIA. Plano Municipal de Juventude está aberto para consulta pública até sexta-feira. Prefeitura de Vitória, Imprensa, Notícias, 02 jun. 2014. Disponível em: https://m.vitoria.es.gov.br/noticias/plano-municipal-de-juventude-esta-aberto-para-consulta-publica-ate-sexta-feira-14663. Acesso em: 06 jun. 2024.

WEBER, F. A entrevista, a pesquisa e o íntimo, ou por que censurar seu diário de campo? Horizontes Antropológicos, v. 15, n. 32, p. 157-170, 2009.

Downloads

Publicado

22/08/2024

Como Citar

MONTEIRO, P. T.; GOMES, I. M.; CUNHA, A. C. T. N. Entre o Quadro e a Cova: as re-existências dos corpos das juventudes afras. MOTRICIDADES: Revista da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana, São Carlos, v. 8, n. 2, p. 142–155, 2024. DOI: 10.29181/2594-6463-2024-v8-n2-p142-155. Disponível em: https://motricidades.org/journal/index.php/journal/article/view/2594-6463-2024-v8-n2-p142-155. Acesso em: 25 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa